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Nascido na Albânia em 1974 e realizando apresentações de seu trabalho desde 1998, Anri Sala chega ao Instituto Moreira Sales no Rio de Janeiro com uma exposição solo. Focado no videoarte – mas contando com fotografias também-, o artista, através da montagem e ocupação não usual do espaço do instituto, procura promover experiências novas e provocantes aos visitantes. A montagem da exposição e as salas, a primeira vista, transparecem um tanto quanto caótica, tentando subverter e confundir nossas percepções. Mas com a análise das obras e de seu conteúdo, é possível buscar um entendimento de um mundo que antes nos pareceria impossível.

O som é uma dessas ferramentas que Anri usa para nos provocar. A obra Làk-Tak, por exemplo, deixa isso claro: à primeira vista, os meninos senegaleses que aparecem nas três telas de tv que compõem o trabalho nos dizem palavras aleatórias acompanhadas de legendas traduzidas distintas. Porém, através do olhar do artista, a subjetividade da obra toma uma grandeza tamanha: mostra como as relações culturais e sociais são inerentes a traduções de línguas – e dessa forma significando de formas distintas uma mesma palavra matriz.

Anri Sala, a todo o momento, criar uma relação entre o visual e o audível. Uma obra interessante nesse aspecto é Bridges in the Doldrums, que acontece no avarandado. Os tambores, alguns pendurados e outros no chão, reproduzem sons de baixa frequência, através de caixas de som em seu interior, que são capazes de produzir movimento na pele do tambor e fazer as baquetas, fixadas, se moverem e produzirem som também. É a memória de uma ação passada produzindo uma outra – o passado, literalmente, refletindo o presente.

Outro aspecto curioso de Bridges in the Doldrums é a brincadeira da imaterialidade do som e sua “flutuabilidade” no espaço com os tambores flutuando no avarandado. O som flue e ocupa o espaço disponível integralmente, assim como procurou fazer com que os tambores fizessem o mesmo. O artista, através da montagem não convencional dos tambores no ar e em diversas posições, acaba deixando perceptível esta relação entre o material e o imaterial aos nossos olhos.


A exposição tem um caráter não apenas artístico e cultural, mas político-histórico também. Na obraAnswer Me, o artista retrata as relações interpessoais de maneira conturbada em uma cúpula usada pelos EUA para espionagem e monitorar o bloco soviético, fazendo alusão ao período também conturbado da Guerra Fria. Retornando a temas como a guerra fria e regimes totalitários, Anri Sala cria sua própria linguagem de apresentação dos temas através de narrativas visuais e/ou musicais.

Grupo: Daniel Dorea, Juliana Marins, Maria Luiza Resemini, Mateus Thompson.