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MARULHO DE CILDO MEIRELES

Inaugurada dia 30 de julho de 2016 e estendendo-se até março de 2017, a mostra “Em Polvorosa” reúne mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, e vêm em homenagem ao artista Tunga, falecido em 2016. Os curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, ocupando o segundo andar do MAM, oferecem ao público um panorama da produção artística do final do século XIX até os dias atuais. No lugar de textos explicativos, os curadores optaram por utilizar uma série de fotografias, que pontuam a história do país, e caracterizam o perfil multicultural do Brasil e o abismo social que ainda assola as terras tupiniquins. Através dessa conatação visual, as fotografias expostas dialogam com as obras, dando-lhes sentido em diversos níveis, como contexto histórico.

Na contemporaneidade, a instalação tornou-se mais complexa, através da combinação entre várias linguagens como vídeos, filmes, esculturas, performances, computação gráfica e o universo virtual. Dessa maneira, procura-se que o público se surpreenda e participe da obra de forma mais ativa, pois ele é o objeto último da própria obra, sem a presença do qual a mesma não existiria em sua plenitude.
A obra “Marulho”, de Cildo Meireles, de fato, ofereceu relevância à questão da instalação. Ela é composta por um píer de madeira que adentra um “mar” de folhas azuis, simulado ondas, e, conforme o espectador avança sobre o píer, é possível, de modo mais claro, escutar a palavra “água” em 80 línguas. Em uma entrevista, Cildo Meireles explica a importância da questão sonora em suas obras e diz que ela promove o encontro entre aquilo que é por vezes pensado como domínio apartado, separado e distante, sem que isso implique síntese ou resolução dos conflitos que marcam sua proximidade no mundo. Diversas línguas, que estão associados a culturas, territórios e governos, estão em jogo na obra – mas ali não se valorizam as diferenças ou choques, pelo contrário, subentende-se a valorização de um mundo multifacetado e diverso, um mar de culturas.

Marulho é uma instalação sinestésica, que brinca com o olhar e a audição, afirmando o caráter híbrido da cultura contemporânea – tanto por mexer com os sentidos quanto, por literalmente, trazer a tona diversas línguas. Assim como o mar retratado na instalação, a cultura contemporânea também é imensa e profunda. A ideia de espaço é posto em crítica por Cildo Meireles, tanto em uma dimensão física, quanto em uma dimensão geopolítica. De Marulho, é possível captar uma concepção de espaço mais fluída, mais complexa e contra delimitações e fronteiras precisas e permanentes.


Em um aspecto mais amplo da exposição, os curadores vislumbraram não uma simples homenagem ao Tunga. Mas sim, através de sua obra relacionada aos corpos entrelaçados, traduzir essa relação entre as obras expostas lado a lado. De fato, a mostra não é capaz de abranger a coleção do MAM, de Joaquim Paiva e Gilberto Chateaubriand como um todo, tendo em vista que são mais de 16 mil obras de artes – porém, através da curadoria, procura-se criar relações entre as obras e os contextos específicos, para dai resultar nessa grandiosa exposição “Em Polvorosa”.

GRUPO Daniel Dorea, Juliana Marins, Maria Luisa Risemini e Mateus Thompson.

“Em Polvorosa” - Museu de Arte Moderna do Rio

O Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro nos dias 30 de julho até 06 de novembro, a exposição coletiva “Em Polvorosa”, tem curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes e artistas como Adriana Varejão, Ivens Machado e José Damasceno. O foco da exposição é mostrar aos visitantes a qualidade resultante da mescla das três grandes coleções do acervo do MAM. As coleções Gilberto Chateaubriand, Joaquim Paiva e por último e não menos importante do MAM do Rio juntas somam entre gravuras, fotografias, esculturas, vídeos, instalações, objetos, performances e desenhos somam dezesseis mil obras, mesmo com o grande número de obras cada uma tem sua importância e individualidade.  

        A primeira opção dos curadores foi escolher obras chamadas de “highlights”, que possuem qualidade inegável, como Antonio Manuel, José Damasceno, Cildo Meireles, Lucio Fontana, Pollock e Keith Hering. Ao mesmo tempo busca privilegiar artistas pouco conhecidos como Anita Malfati. Na exposição, vemos que as obras são articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, e aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração e a arte contemporânea. 


        
 Entrando no MAM, nos deparamos com o trabalho que dá título à exposição da série “Desenhos em polvorosa” (1996), em homenagem ao artista Tunga (1952-2016). Outras obras que se destacam são “Fantasma” (1994), de Antonio Manuel, “Alegria” (1999), de Adriana Varejão e “Lute” (1967), de Rubens Gerchman. 

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      “Fantasma” é uma instalação. Sendo basicamente um espaço repleto de carvões, suspensos por fios de nylon que parecem flutuar no espaço. O público é convidado a percorrer o espaço, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. Já LUTE (1967) consiste em letras gigantescas formando a palavra “LUTE”, seu proposito inicialmente foi chamar o publico para a luta contra a ditadura e ela antigamente era colocado no meio da Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro. Esse trabalho é um dos representativos do neoconcretismo brasileiro. 


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  O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro fica na Av. Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo. Funciona de terça a sexta, das 12h às 18h e sábados, domingos e feriados, das 11h às 18h. O ingresso é de apenas R$14,00. Estudantes com mais de 12 anos, e adultos a partir dos 60 anos, o valor é menor ainda, sendo de R$7,00. Entrada é gratuita para os Amigos do MAM e crianças até 12 anos. Entrada também gratuita às quartas-feiras, a partir das 15h. Aos domingos, ingresso-família para até 5 pessoas é R$14,00.

Grupo: Bruno Espozel, Maria Clara Trindade, Natã Fernandes e Thayane Milagre.

"Fantasmas" e amarras na coleção do MAM

   A exposição "Em Polvorosa - um panorama das coleções MAM", com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes busca, assim como descrito no título, mostrar um pouco das obras que integram a coleção do museu.Sem uma montagem muito lógica, tendo em vista que cada obra pertence a um contexto distinto, o objetivo principal da mostra é destacar as instalações, quadros e vídeos de maneira a serem bem visualizadas e apreciadas pelos visitantes do espaço.



   Apesar da não linearidade de ideias, em alguns momentos se percebe alguma similitude entre as obras. Por exemplo, em uma enorme sala com obras de diversos artistas que tratam principalmente de privações. Desde a enorme palavra "LUTE", de Rubens Gerchman, até o emblemático "Art/Life One year performance", de Tehching Hsiesh e Linda Montano, tudo ali remete à restrições. E é nesta última citada que iremos focar a partir daqui.

   Techning Hsiesh é considerado um dos pioneiros da arte performance de longa duração. Marina Abramovic, a "rainha" desse tipo de obra, o considera um mestre. O artista tem uma série de obras que tomam boa parte de sua vida, levando portanto o significado de "arte é vida" ao extremo.
   Em sua obra "Art/Life One year performance", ele e a artista Linda Montano permaneceram amarrados por uma corda de dois metros durante um ano. Sendo assim, viveram juntos, foram a todos os lugares juntos, fizeram tudo neste ano amarrados um ao outro. Entretanto, apesar da conexão por meio da corda, podiam ficar no mesmo cômodo, mas não eram autorizados a tocar um no outro, o que certamente tornava o convívio muito mais difícil. A obra pode ser interpretada a partir da vida do artista, que, sendo um imigrante ilegal nos EUA, conhece de perto a prisão fantasiada de liberdade (sair na rua, em um país tecnicamente "livre", podendo ser preso a qualquer momento). A corda seria então a amarra da imigração, comparando à própria vida do artista, ainda que pudesse ir à qualquer lugar amarrado à artista Linda Montano.


Art/Life One Year Perfomance, de Techning Hsiesh

   Outra obra que escolhemos analisar da exposição é "Fantasmas", do artista Antonio Manuel. Nascido em 1947, em Portugal, o artista veio com cinco anos para o Rio, onde nos anos 1960 ficou conhecido por sua produção de forte tom político, e de um experimentalismo que marca sua obra até hoje.

   
"Fantasmas', de Antonio Manuel

 “Fantasma”, uma das mais destacadas de sua trajetória, é composta por dezenas de pedaços de carvão, suspensos por fios de nylon, que parecem flutuar no espaço. O público é convidado a percorrer a instalação, podendo ser tocado ou marcado pelas peças de carvão. No meio da instalação, há a fotografia de uma testemunha da chacina na favela de Vigário Geral (1993), encapuzada e cercada por microfones da imprensa. Lanternas iluminam a imagem. A obra foi adquirida pela MAM Rio em 2001, a partir do Programa Petrobras Artes Visuais.
    A obra de Antonio Manuel, que a princípio parecem apenas carvões pendurados, em opinião pessoal, conversa com a fotografia de uma testemunha de chacina a medida que pensamos na ocasionalidade com que certos acontecimentos impactantes nos tocam e marcam, assim como os carvões que tocam o espectador sem querer.

Grupo: Felipe Glioche, Flora Faria, Lívia Lúcio, Lucas Tapajós, Luiza Lunardi

MARULHO e o trabalho do curador de arte contemporânea



Entre os dias  30 de julho de 2016 e 05 de março de 2017 ficará em cartaz no Museu Arte Moderna do Rio de Janeiro a exposição "Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio". Como o próprio nome sugere, ela traz um panorama das coleções adquiridas pelo museus ao longo desses 60 anos, juntando as coleções MAM Rio, Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva. Claro que um acervo tão grande (mais de 16 mil obras) não pode ser exposto em uma única vez e, portanto, o trabalho dos curadores deu um recorte significativo a tudo que é apresentado. Em polvorosa, resumindo, é a mistura, as tonalidades, a vibração da arte contemporânea em sua faces mais distintas.

A obra Marulho de Cildo Meireles pode ser usada como exemplo do trabalho de curadoria feito por Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. Em seu livro, Quem tem medo de arte contemporânea?, Fernando dá várias pistas para entendermos e principalmente vivenciarmos as obras expostas e aqui, em destaque, Marulho.




Se a arte Renascentista tentava compreender o papel do homem na sociedade, sua centralidade, suas peculiaridades e a arte Moderna tentou entender a forma além da representação do real, a arte contemporânea vem bagunçar com todas essas premissas. Por isso ela assusta: ela não tem propósito, ela não tem significado. Mas é inegável que ao subir os degraus do deck de madeira que simula um pier a obra e avistar os papéis azuis que ensaiam um mar ondulante e especialmente ao escutar as centenas de vozes falando a palavra "água" em diversas línguas como se fosse o barulho do mar sente-se toda a sensação de que o artista quis expressar.

Esse artista que cria, mas que não é o único autor. Não foi Cildo sozinho que, em um ateliê romântico, criou peça por peça da instalação. Ele contou com a ajuda de técnicos das mais variadas áreas para que sua obra ganhasse forma. E isso é algo fascinante da arte contemporânea, o autor que não está totalmente envolvido em todas as etapas de criação de suas obras. Não temos mais a figura do artesão-artista, mas a do artista projetista. Um arquiteto que passa por meio de seu trabalho subjetividade, que cria um espaço, o conceito de instalação é, ao meu ver, junto com a performance os maiores expoentes da arte contemporânea. Uma obra que "não cabe em galerias" embora esteja em uma, uma obra para apreciar com mais de um sentido (visão, audição, tato). Uma obra que, diferente das "obras primas" do passado pode ser editada. Como essa é sua segunda montagem no Rio.




O grande trunfo da exposição e que deixa claro as posições de Fernando em relação ao seu trabalho de curador é a falta dos famosos textos explicativos ao lado das obras. Ele entende que a arte contemporânea está menos para ser explicada e que a explicação nem sempre contribui para a compreensão de uma obra.

Juliana Salles, Vitória Alves, Andréia Fernandes e André Abreu


Marulho e Ping-Ping

Na visita ao Museu de Arte Moderna, a primeira obra observada foi “Marulho” (Mar+Barulho) de Cildo Meireles, do ano de 1991. A obra é composta por um deck de madeira e no chão, foram colocadas folhas de papel azul sobrepostas, dando uma ideia de movimento, simulando as ondas do mar. Além disso, há também alto-falantes que reproduzem a palavra “água” em mais de 80 idiomas, algo interessante pois é extremamente difícil pensar como se pronuncia “água” em tantos idiomas. As palavras formam um som difícil de identificar, podendo ter diversas interpretações, lembrando até mesmo o barulho do mar, como indica o nome da obra.


A estrutura do lugar é muito bem planejada, dando uma sensação de estar realmente avistando um mar. Ademais, é bastante inclusiva ao levar em consideração diversas línguas. Ao adentrar o espaço, os espectadores parecem estar imersos em um mar que nos remete à sensação de imensidão, tendo em vista o ambiente limpo e bastante verossímil, porém, com elementos que não são exclusivamente da natureza.

Os livros são expressão metafórica do mar, a profundidade das histórias, a polissemia das interpretações. Onde fica o fundo do mar? Como toco o fundo da obra? É a própria metalinguagem da obra, seus objetos técnicos e seus sentidos. 
Uma obra que nos capta a atenção dentro da exposição, cuja curadoria foi feita por Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, é de Waltercio Caldas: Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos. Esta impecável peça de arte contemporânea é responsável por nos pregar uma peça, trabalhando na ideia da percepção visual de dimensão especial, e como cada uma passa pela outra, de acordo com o ponto de vista. Por isso, seríamos todos cegos, pois a percepção é algo difuso também. A mostra é conduzida pelo olho, conforme diz Cocchiarale em entrevista ao jornal "O Globo": "Quisemos pôr a arte brasileira numa conversa com a arte estrangeira, criando associações entre elas. Aqui tem uma série de licenças, misturas. Isso é montado para o prazer do olho, não é uma aula de história da arte.”


As diferentes perspectivas da obra.
A exposição dialoga o tempo inteiro com uma perspectiva múltipla de sentidos, significados e signifâncias na arte. Nos leva a refletir sobre a construção da própria obra e, para além de seu entender, suas nuances e camadas de intenções, iniciadas na estrutura, direcionadas ao espectador e, provavelmente, nunca finalizadas nele. O trabalho pronto, finalizado, exposto, não é o verdadeiro fim dele. Na arte contemporânea, a obra conversa com quem a observa; expressão do próprio mar, a infinitude da água toca e é tocada pelo observador. Nesse movimento, entre as braçadas do nado, contitui-se um jogo de ping-pong entre a obra e o espectador, uma luta de sentidos, uma multiplicidade de olhares.
Grupo: Giulia Alves, Lucas Freitag, Renata Rougemont e Vitor Grama

A Cadeira Careca - Márcia X

Márcia Pinheiro de Oliveira (1959-2005) foi uma artista visual carioca que iniciou sua carreira artística no início dos anos 80, ao ingressar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV/Parque Lage.Conhecida como Márcia X, a artista é pioneira na arte performática no Rio de Janeiro. 

A artista adotou o X. de seu nome quando realizou uma performance em parceria com Alex Hamburguer na Bienal do Livro, em 1985, no Rio. Vestida com duas “não roupas”, uma capa preta e outra transparente e sem nada por baixo, Márcia Pinheiro despiu-se até ficar nua. Na época, a reação da estilista homônima dizendo dedicar-se a vestir e não despir pessoas, resultou na adoção do nome “Márcia X”. Pinheiro e, posteriormente, Márcia X.

Com Alex Hamburguer(1949), a artista protagonizou uma intervenção na peça Winter Music, de John Cage (1912 - 1992), no Rio de Janeiro, invadindo o palco com dois velocípedes. A proposição de situações como essa busca questionar o papel da arte por meio do humor e do estranhamento, características próprias de suas obras.

A partir dos anos 1990, produziu obras com objetos industrializados, apropriando-se de seus aspectos simbólicos. Na série Fábrica Fallus, utilizou objetos encontrados em sex-shops, como pênis de borracha, associados ironicamente a objetos e materiais que remetem ao feminino, à infância e à religião. Dessa forma, seus trabalhos abordaram, de forma direta e provocativa, temas como sexualidade, erotismo, consumo, valores sociais e religiosos, discutindo, não só questões estéticas, mas também éticas e políticas.

A partir de 2000, dedicou-se com maior ênfase aos trabalhos de performances, associadas também ao vídeo e a instalação. Nesses trabalhos, utiliza o próprio corpo, criando ações simbólicas, muitas vezes repetidas à exaustão. Alguns elementos utilizados remetem à religiosidade e padrões culturais associados a mulheres, como nas performances Desenhando com Terços, 2001/2003, Pancake, 2001, e Ação de Graças, 2002. Entre suas últimas performances mais significativas estão Alviceleste, 2003, e A Cadeira Careca, 2004.










Em “A Cadeira Careca / Le Chaise Chouve”, uma de suas últimas obras, realizada em parceria com Ricardo Ventura, que era também seu marido, a artista “barbeou”, ou seja, retirou o pêlo de uma chaise longue Le Corbusier de couro de vaca, que foi colocada nos pilotis do Edifício Gustavo Capanema, que foi projetado pelo renomado arquiteto. Além disso, o casal já teve interferência na obra de outra dupla : Charlotte Perriand e Le Corbusier, que buscavam estender as novas expressões aos gestos mais cotidianos como sentar, reclinar e repousar.

Enquanto a artista estava de negro nos pilotis do edifício Gustavo Capanema, antiga sede do Ministério da Cultura, no centro do Rio, Ricardo estava de branco hospitalar. Recostada na peça de design, a pele do objeto começa a ser cuidadosa e carinhosamente desprovida de seus pelos, deixando o perfil de Marcia. 

O lugar escolhido era um o prédio no qual o pensamento modernista na arquitetura foi aplicado pela primeira vez no mundo, em escala monumental, marco nas transformações ocorridas na arquitetura mundial, no século XX. Le Corbusier foi o consultor desta obra de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Reidy, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos que começou a inscrever o Brasil na história da visualidade moderna e cosmopolita.

obra em questão representa uma homenagem à Le Corbusier e, também, à artista surrealista suíça Meret Oppenheim e sua obra Dejeuner en Fourrure. A arte de Márcia X tem grande influência do surrealismo e do dadaísmo, além de forte apelo ao imaginário.

Com uma carreira firme e independente, imune às críticas e sucessivos cortes de participação em salões e outras mostras e também à censura e ao cancelamento de diversas performances, Márcia X foi uma artista como poucas. Sempre atenta à sua importância no meio artístico, Márcia X seguiu em frente, lutando contra o que chamou de “enorme descrédito em relação à performance”.



Grupo: Eduarda Montenegro, Lucas Soares, Luiz Eduardo Bandeira e Jonas Linhares


Referências:




A modernidade através do conjunto

Uma celebração do acervo do MAM e do encontro dele com o público; é assim caracterizado pela curadoria, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a exposição “Em Polvorosa”. Neste acervo somam mais de 16 mil obras, sendo gravuras, fotografias, desenhos, pinturas, esculturas, vídeos, instalações, objetos, performances, livros de artista e intervenções.

O nome da exposição é em homenagem ao artista Tunga. O artista possui uma obra na qual são três corpos entrelaçados que acabam tendo seus limites confundidos. Isto caracteriza também a exposição, pois ela tem como finalidade mostrar o resultado da mescla de três grandes coleções do MAM.



Esta exposição trata muito sobre como as obras individualmente têm poder, mas quando reunidas são bem mais significativas. Dentre as instalações, uma despertou bastante interesse do grupo que aqui escreve. Era um obra denominada “Ping-pong: a construção do abismo no piscar dos cegos” de Waltercio Caldas. Essa instalação se destaca por suas características bem atrativas: Um óculos escuros preenchidos de material preto, que não nos permite enxergar, sendo assim uma experiência da “cegueira” como descrita no título da obra. Também acompanha uma mesa na vertical, uma rede furada, uma raquete furada e uma bola flutuando.


Todos esses objetos em conjunto são bem interessantes. São objetos fora de seu estado comum e isso nos incomoda, pois somos acostumados a enxergar os objetos em outros estados. Uma bola no chão, pois a gravidade atua sobre ela. Uma mesa na horizontal para que haja o jogo. Rede e raquetes não furadas para que a bola não passe pelo vão e o jogo não seja interrompido. Ambos são coisas que nos incomoda, porém para um cego isso de nada importa se não a criação dele a partir do abismo de imagens que é o seu piscar de olhos.

Grupo:Isaque Ferreira, Brunno Motta, Leonardo Couto e Guilherme Telles.

Em polvorosa: uma celebração da arte

"Em Polvorosa”, título dado à presente exposição do MAM Rio é uma homenagem ao célebre artista Tunga e à uma de suas obras da série Desenhos em polvorosa, que retrata corpos tão entrelaçados ao ponto de não se perceber mais seus limites. Tendo como apoio essa metáfora, podemos compreender a proposta da exposição: mostrar a forma como que as obras de arte dialogam entre si, sem possuírem nenhum tipo de ligação a priori. 


A exposição é composta por obras de todos os tipos e situadas em todas as épocas. Video-arte, instalações, fotografias, pinturas e esculturas. Tudo se espalha e se mistura nos mais de 2500 metros quadrados do museu. E são exatamente essas conexões, criadas quase que ao caso entre as obras, que potencializam o poder de produzir sentido e o diálogo entre elas. Os temas conversam e o espectador é convidado à roda de conversa. 




Em síntese, “Em polvorosa” é uma celebração à arte e a todas as suas virtudes: diversidade, flexibilidade, poder catártico, poder de diálogo e o poder de produzir sentido. É também um convite à experimentação da arte quase que em sua totalidade e também ao diálogo com as temáticas que nos tocam enquanto seres humanos.



Grupo: Marcos Vinícius, Adyel Beatriz, Ygor Miranda, Luísa Savi e Bruna Monte


Um panorama Em Polvorosa

A exposição "Em Polvorosa: um panorama das coleções do MAM" tem o nome em homenagem ao 
artista já falecido Tunga e uma obra sua; a série "Desenhos em polvorosa". A mostra ocupa todo o 
segundo andar do prédio do Museu e é resultado de um panorama da produção artística do final do 
século XIX até os dias atuais. Além de ser composta por três coleções; a coleção do MAM; a coleção Gilberto Chateaubriand e a coleção Joaquim Paiva.

A obra “Fantasma”, do artista plástico português Antonio Manuel se encontra na exposição. O artista é um dos principais ligados ao experimentalismo, onde a experiência de cada um com a interação com o trabalho também faz parte da obra. Suas obras também têm forte tom político e às vezes, relação com notícias. Tornou-se assim conhecido nos anos 60. Na obra em questão, há pedaços de carvão suspensos por fios transparentes de nylon, e o público é convidado a andar por entre eles, podendo ficar com marcas. As estruturas de ferro no teto que sustentam as lascas remetem à diagramação de um jornal. No canto da instalação, há a fotografia de uma testemunha da chacina na favela do Vigário Geral (tragédia colocada em prática por cerca de 50 homens encapuzados em 1993, quando buscando vingança mataram 21 inocentes), encapuzada e cercada por microfones da imprensa. Lanternas iluminam a imagem. A foto é de uma testemunha ocular do massacre que desapareceu para proteger-se. Segundo Manoel, “A fotografia que integra a instalação é de um personagem real que, ao ter sua imagem divulgada pela imprensa como testemunha de um crime, passou a viver escondido, perdendo sua identidade e transformando-se em um verdadeiro fantasma.”. A obra foi apresentada inicialmente em 1994, na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro. Depois disso já passou por São Paulo, Paris, Portugal e EUA, até ser adquirida pelo MAM Rio em 2001, pelo Programa Petrobrás Artes Visuais. É um trabalho calmo, de natureza meditativa. Para Manuel é interessante essa vivência da pessoa com a obra, para que não seja um mero observador. 




O trabalho "Eu amo camelô" de Opavivará é composto por um porta fotos que muito se parece com o utilizado por bancas de jornais para colocar cartões postais para a venda e cartões postais presos 
neles. São dezesseis cartões espalhados  aleatoriamente com  fotos de camelôs em praias pelos 
dezesseis espaços, sendo que oito dos cartões  tem a cor normal e os oito que formam par com eles 
possuem as cores ressaltadas. O fato de haver cartões postais em pares "iguais" espalhados pelo 
espaço em questão proporciona uma ideia de quebra cabeça.  Além disso, ao se observar os 
cartões-postais do Brasil, percebe-se que todos representam pontos turísticos conhecidos e com status elevado. Os cartões postais de Opavivará exibem um componente excluído no país que está à margem na sociedade;  os vendedores ambulantes, pessoas que representam mais o que é Brasil também por 
serem pobres e esquecidas. E representam mais o Rio de Janeiro que o Corcovado,  por exemplo. 



A obra “Marulhos”, do artista Cildo Meireles é um dos destaques na exposição "Em polvorosa - um panorama das coleções do MAM". O trabalho é uma propriedade do museu. O curador Fernando Cocchiarale mandou derrubar os painéis que dividiam o espaço. São ao todo 123 metros de extensão. Meireles relata que havia um momento no qual estavam sendo vendidos muitos livros na rua, e ele começou a se interessar por fazer uma coleção de imagens de água. O artista observou que o livro aberto tinha formato de ondas e começou a pensar no efeito de vários um ao lado do outro. Assim poderia criar uma espécie de “padrão marítimo”, como fala Meireles. Juntou a isso uma banda sonora constituída por todas as línguas vivas, em uma fita que totalizava cerca de 84 idiomas, enunciadas por pessoas de diversas idades, gêneros e procedências, e com intenção de ampliar. Água, Water, Eau, Acqua, Gui, Zou, Madiba, Mvura, Biyo, Amanzi, Aiga, Vanduo. É utilizado um sistema de quatro caixas de som, cada uma com um tempo diferente do cd tocado. Há dois pares de caixas laterais que tocam o mesmo cd, dando sempre impressão de onda chegando e saindo. Aos vários livros abertos, se associa a imagem de mar, à qual se associa a água, que leva ao som. Para completar a ideia de deslocamento espacial do apreciador, é construído um píer adentrando o mar de imagens da água, com iluminação típica, justapondo uma arquitetura de uso real com ima impressão gerada. Segundo Cildo Meireles, tudo depende da capacidade do observador de identificar o fato artístico, e em última análise, vai depender do grau de informação, de cultura, de refinamento do observador em relação àquilo. “ Uma das preocupações da minha geração era produzir trabalhos que de alguma maneira o espectador pudesse, em algumas situações até matematicamente, reconstruir. Ou seja, que eles não repousassem puramente em uma patologia do artista.”, diz o artista em uma entrevista para a Bravo online. O som torna-se fruto de todos, mas sem pertencer a ninguém. O mar liga os territórios e povos. É um espaço híbrido. Mas enfim, é injusto reduzir a arte à simplicidade de uma única explicação, como pensa o próprio curador da exposição em seu livro “Quem tem medo de arte contemporânea”.  Cabe, portanto, a cada um fazer a visita e ter essa experiência única. 


Fontes- Marulhos:


Fontes- Fantasmas:

Grupo: Sarah Lopes, Gabriela e Lívia Macedo