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A Cadeira Careca - Márcia X

Márcia Pinheiro de Oliveira (1959-2005) foi uma artista visual carioca que iniciou sua carreira artística no início dos anos 80, ao ingressar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV/Parque Lage.Conhecida como Márcia X, a artista é pioneira na arte performática no Rio de Janeiro. 

A artista adotou o X. de seu nome quando realizou uma performance em parceria com Alex Hamburguer na Bienal do Livro, em 1985, no Rio. Vestida com duas “não roupas”, uma capa preta e outra transparente e sem nada por baixo, Márcia Pinheiro despiu-se até ficar nua. Na época, a reação da estilista homônima dizendo dedicar-se a vestir e não despir pessoas, resultou na adoção do nome “Márcia X”. Pinheiro e, posteriormente, Márcia X.

Com Alex Hamburguer(1949), a artista protagonizou uma intervenção na peça Winter Music, de John Cage (1912 - 1992), no Rio de Janeiro, invadindo o palco com dois velocípedes. A proposição de situações como essa busca questionar o papel da arte por meio do humor e do estranhamento, características próprias de suas obras.

A partir dos anos 1990, produziu obras com objetos industrializados, apropriando-se de seus aspectos simbólicos. Na série Fábrica Fallus, utilizou objetos encontrados em sex-shops, como pênis de borracha, associados ironicamente a objetos e materiais que remetem ao feminino, à infância e à religião. Dessa forma, seus trabalhos abordaram, de forma direta e provocativa, temas como sexualidade, erotismo, consumo, valores sociais e religiosos, discutindo, não só questões estéticas, mas também éticas e políticas.

A partir de 2000, dedicou-se com maior ênfase aos trabalhos de performances, associadas também ao vídeo e a instalação. Nesses trabalhos, utiliza o próprio corpo, criando ações simbólicas, muitas vezes repetidas à exaustão. Alguns elementos utilizados remetem à religiosidade e padrões culturais associados a mulheres, como nas performances Desenhando com Terços, 2001/2003, Pancake, 2001, e Ação de Graças, 2002. Entre suas últimas performances mais significativas estão Alviceleste, 2003, e A Cadeira Careca, 2004.










Em “A Cadeira Careca / Le Chaise Chouve”, uma de suas últimas obras, realizada em parceria com Ricardo Ventura, que era também seu marido, a artista “barbeou”, ou seja, retirou o pêlo de uma chaise longue Le Corbusier de couro de vaca, que foi colocada nos pilotis do Edifício Gustavo Capanema, que foi projetado pelo renomado arquiteto. Além disso, o casal já teve interferência na obra de outra dupla : Charlotte Perriand e Le Corbusier, que buscavam estender as novas expressões aos gestos mais cotidianos como sentar, reclinar e repousar.

Enquanto a artista estava de negro nos pilotis do edifício Gustavo Capanema, antiga sede do Ministério da Cultura, no centro do Rio, Ricardo estava de branco hospitalar. Recostada na peça de design, a pele do objeto começa a ser cuidadosa e carinhosamente desprovida de seus pelos, deixando o perfil de Marcia. 

O lugar escolhido era um o prédio no qual o pensamento modernista na arquitetura foi aplicado pela primeira vez no mundo, em escala monumental, marco nas transformações ocorridas na arquitetura mundial, no século XX. Le Corbusier foi o consultor desta obra de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Afonso Reidy, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos que começou a inscrever o Brasil na história da visualidade moderna e cosmopolita.

obra em questão representa uma homenagem à Le Corbusier e, também, à artista surrealista suíça Meret Oppenheim e sua obra Dejeuner en Fourrure. A arte de Márcia X tem grande influência do surrealismo e do dadaísmo, além de forte apelo ao imaginário.

Com uma carreira firme e independente, imune às críticas e sucessivos cortes de participação em salões e outras mostras e também à censura e ao cancelamento de diversas performances, Márcia X foi uma artista como poucas. Sempre atenta à sua importância no meio artístico, Márcia X seguiu em frente, lutando contra o que chamou de “enorme descrédito em relação à performance”.



Grupo: Eduarda Montenegro, Lucas Soares, Luiz Eduardo Bandeira e Jonas Linhares


Referências: