A exposição “Orixás” sob curadoria de Marcelo Campos
e expografia de Helio Eichbauer, está em cartaz na Casa França-Brasil no centro
do Rio de Janeiro. É uma exposição ligada profundamente à pesquisa e faz
referência a exposição “Retratos da Bahia” que ocorreu em 1990, com grande participação
do cenário no Rio de Janeiro e na Bahia, e até mesmo no local atual da
exposição, tratando sobre a cultura afro brasileira em detalhes.
“Orixás” investiga a maneira como a afro-brasilidade
se expressa na religião e na arte. Além disso, a exposição reúne obras modernas
de artistas renomados como Pierre
Verger, Carybé e Rubem Valentim
e contemporâneos como Ayrson Heráclito, Arjan Martins, Thiago Martins de
Melo, Lita Cerqueira, entre outros.
O nome da exposição está fundamentalmente ligado à
escravidão e ao tráfico negreiro. É válido ressaltar também, que ela dá ênfase
a ligação entre Brasil e África e retoma laços históricos que dentro das
camadas de urbanização, muitas vezes, foram soterrados.
A exposição tem como objetivo principal ampliar os
horizontes e, portanto, o conhecimento da sociedade à respeito da cultura
afrobrasileira, provocando o espectador a todo momento com obras distintas.
Desse modo, temas como Candomblé, sincretismo religioso e estético são
representados a partir do universo dos Orixás e dão vida à exposição
Ao explorar a forma como a afro-brasilidade se
manifesta na arte e na religião, "Orixás" pretende ser um exercício
de revisão histórica, promovendo releituras e reanálises entre a produção
moderna e a contemporânea, como por exemplo no trabalho da fotógrafa Lita Cerqueira, que retrata de forma
única na exposição toda a expressividade enraizada na Bahia pela religiosidade,
suas festas e as suas formas de adoração.
Lita Cerqueira é uma fotógrafa autodidata, ela
traduz e representa, em sua obra, o dia a dia simples de anônimos, com cenas e
retratos captados instantaneamente nas ruas. Lita nasceu em Salvador, na Bahia,
e, a partir de 1973, com o nascimento de seu filho, decidiu dedicar-se
exclusivamente e unicamente a fotografia. O seu olhar retornou-se
principalmente para a condição do caráter e da figura negra no Brasil e despertou
um trabalho no qual, hoje em dia, faz parte de exposições por todo o Brasil,
além de também na França, Itália e Alemanha.
Entre diversos quadros, Lita retrata
quadros como os da Festa da Boa Morte,
festa típica do recôncavo baiano passada de mãe para filha por 23 mulheres
negras e a famosa cerimônia da Lavagem do Bonfim, que acontece com a saída, pela manhã da quinta-feira, do
tradicional cortejo de baianas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da
Praia, o qual segue a pé até o alto do Bonfim, para
lavar com vassouras e água de cheiro as escadarias e o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim.
Grupo: Eduarda
Montenegro, Lucas Soares, Luiz Eduardo Bandeira e Jonas Linhares