“Orixás” é o nome auto-explicativo
da exposição que está na Casa França-Brasil, no centro da cidade, até o
dia 23 de outubro. Com curadoria de Marcelo Campos, “Orixás” faz
referência – e homenagem – à exposição dos anos 90, “Retratos da Bahia”,
sobre a cultura afro-brasileira e a religiosidade baiana. A exposição
traz um extenso conteúdo sobre o Candomblé, mesclando diversos aspectos
da religião, buscando desconstruir a visão clássica dos orixás e
fortalecer o simbolismo da cultura afro-brasileira. Fazem parte de
“Orixás” vários artistas, que apresentam distintos pontos de vista e
explicações a respeito da fé nos orixás, de forma a levar o espectador a
adentrar neste universo e conhecer, de forma mais aprofundada, o real
significado dessa crença.
Dentre tantas, a obra que mais chama atenção de toda a exposição é a de Carybé. Os painéis em madeira entalhada do argentino que se radicou na Bahia foram confeccionados no ano de 1962 e ficam no centro do salão da Casa França-Brasil e acabam por se tornar a obra principal. Cada painel tem a figura de um orixá, totalizando doze painéis dos doze orixás: Iemanjá, Iansã, Oxum, Nanã, Ogum, Omolu, Oxalá, Oxóssi, Exu, Xangô, Oxumaré e Ibeji. Atrás de cada painel, há a descrição de cada entidade feita pelo também baiano Jorge Amado. São trechos de seu livro “Bahia de todos os Santos” de 1945 que caracterizam o comportamento de cada orixá – suas cores, símbolos, dias de semana, comidas e etc.
Carybé, Painel em madeira entalhada
A religião criada no Brasil com o tempo, passou a ser cultivada apenas por descendentes africanos, se tornando uma religião de brasileiros, cultivadas por diversas etnias. Atualmente um em cada cem brasileiros adora os Orixás.
A exposição traz à tona o importante debate a respeito da religião e cultura afro-brasileira. Historicamente tão perseguida e, muitas vezes, até rejeitada como religião em virtude de ir na contramão do catolicismo – religião imposta como oficial pelos colonizadores portugueses. Embora seja reconhecida como detentor de cultura, identidade e fé, de pelo menos 500 mil brasileiros.
Ainda hoje, existe muito preconceito com aqueles que professam a fé do candomblé ou da umbanda. Por isso, a visibilidade que o evento dá é bastante significativa, já que o número de perseguição aos integrantes vem se tornando notáveis. Não são raros os casos de agressão física e/ou moral a algum praticante das religiões afro-brasileiras. “Orixás”, portanto, além de fazer uma significativa contribuição cultural a quem visita a exposição, aproximar o público leigo que tem curiosidade de conhecer a religião e reforçar os laços dos já participantes, cumpre o papel social de tirar os eventuais preconceituosos da ignorância.
Grupo: Bruno Espozel, Maria Clara Trindade, Natã Fernandes e Thayane Milagre.